quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Bike Fit: as principais dúvidas e seus benefícios com Marcelo Rocha

O Blog da Fer Alvees fez uma entrevista com o educador físico Marcelo Rocha, que explicou as principais dúvidas sobre Bike Fit e seus benefícios.

1. BLOG da Fer Alvees: Você já foi ciclista?
Marcelo Rocha: Minha história com a bicicleta começou aos 7 anos competindo no bicicross, mais tarde um pouco no MTB (modalidade que estava bem no início em Brasília, e na época era difícil acharmos trilhas e companheiros para os pedais), no ciclismo de estrada corri cerca de 10 anos na categoria Elite, cheguei a correr para um time no interior de São Paulo, correndo algumas Voltas como a de São Paulo e Santa Catarina, e ainda corri provas de triatlon de longa distância entre os anos de 2002 e 2005. Hoje em dia mantenho meus pedais, mas sem intuito de competir.

2. BLOG da Fer Alvees: Porque você escolheu o Bike fit? Começou com outro serviço e se interessou depois pelo fit?
Marcelo Rocha: O bike fit foi uma necessidade minha na verdade, percebi que as pessoas tinham pouca ou nenhuma informação sobre isso, e eu mesmo sempre tive dificuldades em encontrar o posicionamento neutro em cima da bicicleta. Então na faculdade de Educação Física eu comecei a pesquisar sobre o tema, e em 2002 viajei para fora para realizar o primeiro curso na área. Desde então já viajei 14 vezes para cursos nos Estados Unidos e Holanda, e não pretendo parar de investir nisso.

3. BLOG da Fer Alvees: Como você analisa o ciclismo de forma geral no país?
Marcelo Rocha: Tive oportunidade de trabalhar de perto com Equipes como a GARMIN e SKY, e vejo que a maior brecha que temos na verdade, não é só falta de estrutura (isso está claro), mas o comportamento dos atletas é um pouco diferente. Lá eu percebi que em geral eles estão mais abertos às orientações, tive a oportunidade de fazer o fit de alguns atletas da GARMIN junto de um amigo e também instrutor da RETUL, e os atletas nos tratam muito bem, são muito receptivos às nossas orientações. Acredito que daqui umas duas gerações, se conseguirmos começar um trabalho realmente pautado claro na observação da prática, mas principalmente com respaldo científico, nós poderemos melhorar e muito. Vide o exemplo da Colômbia.

4. BLOG da Fer Alvees: Com base nos seus atendimentos em seu estúdio, você conseguiria citar alguns os erros mais comuns dos ciclistas com relação a regulagem da Bike?
Marcelo Rocha: Os erros mais comuns estão normalmente: no ajuste dos tacos; escolha do formato adequado de selim; ajuste de nível e recuo de selim; ajuste de altura de selim; ajuste de alcance de guidão (tamanho e ângulo de mesa).

5. BLOG da Fer Alvees: Muitas pessoas vão no achismo para regular a bike, quais as consequências dessas regulagens inadequadas?
Marcelo Rocha: O que vejo em alguns casos é que as pessoas querem encontrar um padrão visual em cima da bicicleta, ou para o formato que o ciclista assume em cima dela, ou um padrão visual da própria bicicleta quando ele está fora dela. O guidão "tem"que estar assim ou de outro jeito, sua frente "tem"que se parecer com fulano e etc. Os riscos são diversos, esse tipo de senso comum desconsidera as características funcionais de cada ciclista: flexibilidade, forma de pedalar, forma como se senta no selim, objetivo da prática esportiva, etc. Não é difícil ver ciclistas em posição bastante fora da neutralidade, e com diversas queixas e lesões, pelo fato de terem seguido alguma regra ou padrão visual.

6. BLOG da Fer Alvees: Como é feito o Bike fit em seu estúdio: equipamentos usados, com a bike, sem a bike, tecnologia empregada na regulagem?
Marcelo Rocha: Ofereço os serviços de bike fit com o uso de análise tridimensional do posicionamento e biomecânica de pedaladas com o sistema de infra-vermelho RETUL (atualmente considerado o melhor sistema de análise de movimento para uso em bike fit, é o equipamento padrão das Equipes GARMN, SKY, EUROPCAR, ORICA entres outros atletas e centros esportivos). Faço um mapeamento da análise da pressão na superfície do selim com um sistema alemão (em alguns casos incluo análise do perfil de pressão dos pés e mãos) , possuo um simulador dinâmico de bicicletas para teste da geometria mais adequada de bicicletas (esse serviço é feito sem a bicicleta, e o objetivo é indicar a combinação bicicleta + selim + guidão + mesa + pedivelas, antes da compra). Junto do simulador, utilizo o acesso à uma base "on-line" de bicicletas, chamada de "frame finder", nessa ferramenta eu desenho em 3 dimensões e podemos visualizar em tempo real, a bicicleta pretendida, sobreposta em cima do resultado do simulador de bicicletas. Junto disso fazemos um questionário sobre a vida pregressa do ciclista, lesões, queixas e etc, e realizo avaliações funcionais como: flexibilidade, comparação de membros inferiores, análise de arco plantar e pisada, estabilidade do centro do corpo e etc.

7. BLOG da Fer Alvees: Na sua opinião qual seria o intervalo correto para se refazer um Bike fit, já que com o tempo vamos melhorando a flexibilidade, a força e a resistência?
Marcelo Rocha: Todas as vezes em que houver troca de algum ponto de contato com a bicicleta (selim, guidão, ou no caso da "speed" os passadores, e pedais), é necessária uma revisão. Caso haja ganho significativo de flexibilidade ou outra característica funcional importante, ou mesmo nos casos de alguma lesão que limite sua mecânica de pedaladas ou o contato com a bicicleta, procure novamente seu "fitter".
 
8. BLOG da Fer Alvees: Existe um período de adaptação após o Bike fit, mesmo para pessoas acostumadas a pedalar com frequência?
Marcelo Rocha: Com certeza, em geral umas 4 à 6 semanas para completa adaptação.

9. BLOG da Fer Alvees: Para finalizar, quais os benefícios do que um Bike fit pode gerar para um ciclista?
Marcelo Rocha: São diversos, a certeza de estar em contato com a bicicleta de maneira neutra, com maior parte de seu peso sobre o selim, bom alcance de guidão, e bom contato com os pedais. E com a mecânica correta de pedaladas, com os membros inferiores trabalhando em graus de extensão e flexão neutros. E mais do que isso, saber que as suas características funcionais foram levadas em consideração no momento das correções. Temos que enxergar o exercício feito em cima da bicicleta, como algo extremamente repetitivo, então a proposta é minimizar ou eliminar a sua possibilidade de se lesionar, ou de perder desempenho por conta se um ajuste inadequado.

O BLOG da Fer agradece a excelente entrevista que concedeu Marcelo Rocha, tenho certeza que a reportagem será de grande valia para muitos atletas. Mais informações sobre o entrevistado tem no site www.marcelorocha.com ou pelo telefone (61) 3034-6613.


REPORTAGEM: Fernanda Alves.                                     FOTOS: Marcelo Rocha.

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